Escrevendo de Pijama

leia ouvindo: Bird on a Wire  - Kristin Diable

é muito difícil dizer adeus. rasga o peito, sangra em todo lugar, e parece que seu corpo não irá aguentar tanta dor. eu não estava pronta para me despedir. eu não queria dizer adeus. você partiu sem ao menos me deixar escolhas. eu estou tentando seguir em frente, mas parece que a cada esquina eu vejo você. em cada respiração consigo sentir o toque das suas mãos. 

eu estou tentando lembrar de tudo que nos fez chegar ao fim, mas parece que minha mente só guardou os momentos bons com você. me desculpa por ter estragado tudo, me perdoa por ter te afastado tanto ao ponto de te perder. eu sei que você não me ama mais, mas eu não consegui me desfazer do meu amor. 

por que fez isso conosco meu amor? eu tinha tanto para te dar. eu sei que estava afogada em tristeza, cada parte de mim sabia que tínhamos chegado ao fim, mas eu não quis acreditar. quando você balbuciou que não poderia continuar, eu poderia jurar que por um segundo meu coração desacelerou e parecia que o chão já não existia e eu estava em queda livre.

eu passei esse período de luto só, por mais que os amigos tentassem diminuir a dor, apenas eu sabia lidar com ela. não existe um manual de instruções, eu estou seguindo como prometi para você e para mim mesma naquela nossa última conversa. 

eu não gostaria de assumir, mas eu sinto sua falta. sinto falta de um amor seguro, de um amor presente, de um amor que não importasse o que aconteceria a seguir, sempre estava ali, pronto para transbordar em mim. eu tentei mentir pra mim mesma, mas hoje me olhando no espelho pude ver, bem ali, no fundo, a dor de um peito dilacerado por um amor fracassado. 

eu sempre irei lhe amar meu pequeno gafanhoto, mas é hora de dar essa amor a outra pessoa, e entender que eu também posso receber amor. é um troca infinita. e eu preciso tentar.

Me desculpa, é que eu já fui machucada demais, já jogaram o meu amor fora outras vezes, e por um momento sinto meu ser querendo erguer todas as barreiras, mas eu não quero. Talvez eu esteja louca, mas eu quero viver esse amor. Eu quero viver. Por mais que a cada passo que dê em sua direção me dê um frio na barriga, eu quero isso. Eu quero os seus defeitos, suas qualidades, suas palavras bonitas, seu bom dia pela manhã, eu juro que eu quero. 

Eu não estava em busca de nada, e de repente encontrei o amor da minha vida, é como se já tivéssemos nos visto antes. Você diz que esperou 23 anos pra me conhecer, eu dou risada, tentando disfarçar nas entrelinhas que eu também. Eu sei que sou intensa, densa, meu amor é cheio demais, e que quando menos percebo eu já estou em suas mãos, e se não for pedir muito, eu quero isso até o último dia da minha vida. 

Sou confusão e calmaria, mas eu quero te abraçar em meio ao caos e dizer que estou aqui. Quero ser sua paz quando o mundo estiver desabando, não quero um amor de adolescência e sim um amor pra vida toda. Eu não estou pronta, na verdade eu nunca estou, mas eu estou indo, com todo amor que tenho pra dar pra você. 

Vou seguir a dica que sempre dou para as minhas amigas "Ame até o último dia, se não der certo, você fez o que pode". Saiba que não vou desistir de você quando se sentir com medo, confuso e melancólico, eu serei seu sorriso largo, e sua vontade de viver. Eu posso estar errada, Deus sabe como não quero estar.  

Amor, eu estou indo em sua direção, se um dia nos perdermos um do outro saiba que te amei até o último suspiro. 

Nunca pensei que escreveria sobre um fim tão real. Sempre inventei histórias, ou transferi histórias sobre outros casais para o papel, falando sobre situações do lado de fora. E estar dentro de um relacionamento que chegou ao fim dói demais. Há 2 semanas eu te disse que queria ficar, mas eu estava fazendo um esforço enorme pra ficar, porque você estava ali, e eu não queria te perder. Mas na real, eu só queria ter uma certeza, que era você. 

Vendo um vídeo e lendo os comentários vi uma frase: "Quando sofremos para tomar uma decisão, é porque na verdade já a tomamos" E eu estou há alguns meses pensando sobre nosso fim, ou o nosso até logo. Sempre adiei o fim, porque não queria que a gente se afastasse, e eu não queria perder o cara incrível que você era pra talvez ir em busca do desconhecido. 

Mas eu não queria buscar outro amor, eu precisava ir de encontro a mim mesma. Lembra quando te disse que queria me ver sem você, como seria o meu Eu sem ti? Eu não me lembro da minha companhia, eu não lembro do que eu gosto ou do que quero. Eu me perdi de mim e preciso me achar. 

Sempre achei uma desculpa esfarrapada a pessoa que terminava mesmo amando alguém, pois se ama, porquê terminar. Mas eu não entendia que talvez o amor não era mais suficiente. Por mais difícil que seja de aceitar, o término é um ato de amor, e ouso a dizer que seja o maior deles. Nós somos seres egoístas, e abrir mão de alguém dói na alma, sangra o peito e rasga o coração em mil pedaços. 

Eu não estou pronta para dizer até logo, mas terei que aprender no caminho. Me agarro na esperança de um dia nos esbarrarmos de novo em um sinal qualquer da cidade, como naqueles filmes clichês de Sessão da Tarde. Me agarro na possibilidade de um dia nos acharmos de novo. É um caminho sem mapa, sem roteiro e sem paradas. Você só vai. 

Dói. Estou sangrando enquanto escrevo esta carta. 

Ouvi a seguinte frase em uma novela: "Precisamos nascer. Não há nascimento sem dor. Estamos nascendo". E me veio o estalo "Eu estou nascendo", e para isso preciso seguir mesmo que doa. 

Não posso esperar uma palavra mal dita, uma briga ou o cansaço vindo da luta contra o fim, para dizer que acabou. "Foi bom enquanto durou e durou  enquanto estava sendo bom", foi o Projota que mandou essa, e pela primeira vez eu compreendo. 

Eu te amo tanto meu pequeno gafanhoto.

Eu me escondi atrás de desculpas, de medos, de receios, eu me escondi de mim para viver um sonho encantado com você, mas só a gente sabe quando encostamos a cabeça no travesseiro o que nossa alma grita, e a boca teme em dizer: Acabou. 

Hoje eu ouso a dizer: Até logo, meu pequeno gafanhoto, espero voltar em breve e encontrá-lo  bem. Te amo.