Escrevendo de Pijama

Não me lembrava qual foi a última vez que escrevi algo por puro prazer, muito menos a última vez que escrevi sobre você. É estranho ficar tanto tempo sem pegar em uma caneta ou em uma folha de papel, ou até mesmo no bloco de notas do celular. Estou deitada, com o cabelo todo rebelde como quem acaba de acordar, olho e você está ali fazendo a barba com aquela cara de que a vida é o inferno, parecendo uma boba fico ali deitada te admirando, reparando cada detalhe seu, cada expressão que só você tem e é incrível que cada uma sem nenhuma exceção me fascina, é preciso transcrever isso nas minhas linhas um pouco tortas ou qualquer lugar que seja. 

Aqueles pontinhos escuros no seu rosto onde a lâmina não foi bem sucedida, na cor dos seus lábios cerrados daquele jeito que sempre faz quando quer dizer algo, mas não diz. Eu digo a você que o que temos é algo diferente e você ri, como se isso fosse algo improvável entre nós dois. Eu passaria todos os dias da minha vida olhando no fundos dos seus olhos, se continuasse a me refletir, como estão agora. Você nega que a gente tem tudo pra dar certo, com aquele sorriso bobo quando diz algo que nem você mesmo acredita. 

Eu sei que quer que dê. Por que já chorei e sofri o suficiente antes de você aparecer, por outros amores, outras canções, outros sonhos, outros dias chuvosos. Chorei comigo mesma. E agora fico olhando pra você erguer a sobrancelha tentando ver por cima do mundo, e vejo você franzir a testa como se dali fosse surgir as respostas pra todas as suas perguntas. Olha só pra mim? eu to rindo atoa, misturando com a vontade de ficar atoa contigo em uma tarde chata de domingo. Enquanto o mundo lá fora está um caos. Você diz que amor é racional, e eu digo que não, racional é pagar a conta de água, a conta de energia e do cartão de crédito, amor mesmo é tudo, menos racional. 

Você encara o mundo de frente, enquanto eu nem sei lidar com a vida. Suas maçãs do rosto dão uma pintura. As batidas do seu coração junto com o timbre da sua voz ,dão um tango, e me dão a calmaria de encostar o ouvido bem juntinho do seu peito e o mundo que se acabe e eu só preciso disso. Minhas pernas entrelaçadas com as suas, e sua mão na minha cintura, e o encaixe perfeito. Você cala meus pensamentos com um beijo, até dois, ou três, ou quantos você quiser, cochichando no meu ouvido baixinho, enquanto acaricio seus cabelos entre meus dedos. Você para e me olha como se tivesse lido essa história, tentando dizer mais uma vez entre sorrisos que não é amor.